Padrão de resposta - Prova de conhecimentos específicos

Espelho das questões da prova de conhecimentos específicos referente a Etapa 2 do do processo seletivo para o mestrado

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                    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALGOAS - FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
MESTRADO – ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DINÂMICAS DO ESPAÇO HABITADO

PROCESSO SELETIVO MESTRADO – EDITAL Nº 48/2016

PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ESPELHO DAS QUESTÕES
QUESTÃO 1 (4,0 PONTOS)
Barbirato et al (2016) defendem que a distribuição dos espaços livres públicos na cidade pode ser
potencializada visando sua contribuição ambiental e social para o alcance da qualidade de vida no meio
urbano. Faria (2016) também reconhece que a tarefa de definir as formas, dimensões e distribuição
geográfica de ambientes não edificados são requisitos imprescindíveis para se ter condições adequadas
de habitabilidade e desenvolvimento humano. Discuta argumentos apresentados pelos autores de
ambos os textos que subsidiam tais afirmações tendo em vista uma perspectiva contemporânea de
desenvolvimento urbano marcado pelos imperativos da produção e reprodução do capital e seus
reflexos nos âmbitos ambiental e social.
ESPELHO:
Aspectos que podem ser abordados pelos candidatos na resposta:
1) Elementos que caracterizam o contexto contemporâneo, diante do qual o papel dos espaços
livres pode ser situado:
- Conflitos: expansão urbana x recursos finitos do planeta; recursos finitos x desenvolvimento ilimitado
do capital;
- Redução da imprescindibilidade dos espaços públicos: Há uma tendência de que as práticas de
sociabilidade aconteçam no interior dos espaços edificados (ex.: shopping-centers). Além disso, a
opinião pública forma-se mais na relação intermediada pela mídia eletrônica, sujeita a manipulações por
parte dos detentores dos meios de comunicação e informação. Com a mutação das espacialidades dos
indivíduos, seu alargamento e especializações, a rua e os lugares públicos tornaram-se espaços mais de
deslocamento ao trabalho e ao consumo (funções de mobilidades e fluxos) do que espaços de encontros
e discussão, tornando-se espaços de estranhos. Se constata um processo de homogeneização das
paisagens urbanas que provoca a uniformização do espaço, do tempo e dos comportamentos sob a
estética da produção e do consumo de massa.
- Problemas decorrentes do espalhamento da estrutura urbana:
ASPECTOS AMBIENTAIS: eliminação das coberturas vegetais nativas; aumento das demandas por
consumo de energia, exigindo intenso uso de veículos para transporte de mercadorias e pessoas;
elevação da impermeabilização do solo natural decorrente da pavimentação excessiva.
ASPECTOS SOCIAIS: processos de exclusão social (implantação de condomínios fechados, diversos
conjuntos habitacionais de interesse social, assentamentos irregulares); Complexidade da gestão e do
direito de propriedade urbana.

2) Importância dos espaços livres urbanos:
- Consistem em elementos vitais para a reprodução de vida orgânica e para a reprodução e
desenvolvimento da vida social;

- Os espaços livres têm determinações oriundas do âmbito do indivíduo (produção e reprodução da sua
vitalidade e espiritualidade, complementando os espaços edificados); de ordem social (reprodução das
relações sociais e da sociedade) e da natureza (destinados a renovação dos recursos naturais
necessários à sustentação da aglomeração no tempo, objeto de proteção e preservação estratégica para
a sustentabilidade).
- Os espaços livres e seus domínios definidos nos três âmbitos (do indivíduo, de ordem social e da
natureza) constituem um “complexo” integrado ou, conforme a conveniência — a título de
particularização de situações específicas —, constituam conjuntos de subsistemas geograficamente
localizados e individuados segundo sua funcionalidade e importância para a reprodução das
comunidades particulares e seu desenvolvimento (transformação), dadas as potencialidades e
possibilidades presentes.
-Devido a multiplicidade de funções e a imprescindibilidade à vida, a tarefa de como, quanto e onde
conformar os espaços livres eleva-se à assunto de interesse público (com diversos desdobramentos,
envolvendo a produção de saberes especializados, a promulgação de legislação ordenadora e
disciplinadora e representações artísticas das apropriações afetivas e simbólicas). OBS.: AQUI O(A)
CANDIDATO PODE FAZER UMA LIGAÇÃO COM AS 3 LINHAS DE PESQUISA DO MESTRADO.
- Os espaços livres urbanos de uso público são também imprescindíveis para a continuidade da
coletividade e reprodução das práticas sociais, na medida em que permitem a mobilidade livre dos
indivíduos entre as propriedades individuais, ao mesmo tempo em que permitem realizar um certo grau
de privatividade das mesmas.
3) Alternativas para o alcance da sustentabilidade urbana relacionadas aos espaços livres:


Sob o ponto de vista ambiental:

- Adoção de um modelo de cidade compacta, embasado na bioclimatologia aplicada ao projeto urbano,
permitindo o adensamento construtivo, considerando as implicações na estrutura urbana, para que o
aproveitamento do potencial dos recursos naturais de climatização não se torne comprometido. Estudar
os diferentes tipos de morfologia e ocupação do solo para otimizar o desempenho climático a partir do
desenho urbano e configuração dos espaços livres (espaços com potencial para incorporação de
estratégias bioclimáticas).
- Utilizar a quadra, ao invés do lote, como elemento mínimo sobre o processo de fiscalização e controle
da ocupação urbana. Dessa forma, será possível viabilizar a manutenção das taxas de solo natural e a
incorporação de áreas de vegetação urbana a partir da distribuição eficaz de espaços livres com alto
potencial de amenização térmica local.


Sob o ponto de vista social:

- Substituição do lote pela quadra como elemento mínimo de controle e fiscalização da ocupação
urbana: estímulo ao uso dos espaços livres, como espaços livres públicos, favorecendo o uso destes
pelas comunidades urbanas locais.
- Integrar, ampliar e, convenientemente, projetar a rede de espaços urbanos abertos como um sistema
capaz de corrigir e moderar extremas condições ambientais adversas e servir como espaço de
relacionamento e uso social;
- Descentralização dos serviços e usos, pois os mesmos devem ser distribuídos das áreas centrais para as
periferias, a fim de promover espaços urbanos menos segregados e mais igualitários.

QUESTÃO 2 (3,0 PONTOS)

No texto “Notas sobre as determinações dos espaços livres urbanos e a configuração da esfera
pública” (publicado no livro “Sistemas de espaços livres-Conceitos, conflitos e paisagens”, São
Paulo: Fau/Usp, 2011), o autor identifica quais, para ele, seriam precisamente as “instâncias” da
esfera pública. [2.1] Como o autor denomina e conceitua essas instâncias? [2.2] Explicite e argumente
qual dessas instâncias corresponde exatamente a configurações do espaço físico habitado.
ESPELHO:
Aspectos que devem ser abordados pelos candidatos na resposta:
[2.1} Domínio ou patrimônio comum ou público (“base material sobre a qual ela se funda e se
desenvolve primeiro como comunidade e em seguida como ente político”); Espaço ou arena pública
(“campo da ação e do discurso propriamente políticos”); Espaço ou esfera social (“organismos de
reunião e representação das distintas com-unidades de interesse (associações, sindicatos, partidos) que
substituirão o indivíduo isolado pelo ator coletivo nas ações políticas”); Estado (“aparato fiscal,
administrativo, guerreiro” “tendo por substrato um monopólio legitimado do poder social e por função
a preservação da continuidade da comunidade no tempo”.
[2.2] O domínio ou patrimônio público. Justificativa: “As primeiras condições para a existência de uma
comunidade são: o compartilhamento de um mesmo território e a divisão do trabalho que cria a
cooperação e o intercâmbio. À medida que no seio da comunidade inicialmente pouco diferenciada tem
curso um processo de individuação de posições suscitada pela divisão do trabalho e pelo despertar da
consciência de si próprio pelo trabalhador individual, a terra comunitária tende a sofrer um processo de
apropriação e subdivisão para dar lugar à individuação dos territórios particulares, à propriedade
especializada ou particular, mas não ainda no sentido de acúmulo de bens e excedentes que só ocorrerá
com a divisão de classes e a expropriação do trabalhador. Mesmo assim, entremeando as propriedades
individuais, como condição de realização das relações que integram os indivíduos numa totalidade
social, são mantidos os espaços de uso comunitário que se destinam a permitir a mobilidade livre dos
indivíduos. É nesses espaços que, casual ou voluntariamente, eles se reencontram e trocam, de maneira
direta ou mediada, suas experiências pessoais.”
QUESTÃO Nº 3 (3,0 Pontos)
No texto “Espaços livres e morfologia urbana: discussões sobre influências na qualidade climática e
sustentabilidade urbana a partir de estudos em cidades no estado de Alagoas – Brasil”, na página 56 da
revista Paisagem e Ambiente, nº 36 (São Paulo: Fau/Usp, 2015), os autores emitem o seguinte juízo: “A
densidade construtiva não pode ser apontada como principal vilã nos fenômenos de aquecimento
urbano.” Explicite três argumentos formulados pelos autores para fundamentar tal juízo.
ESPELHO:
Aspectos que podem ser abordados pelos candidatos na resposta:
[1] “As investigações sobre a influência da densidade construtiva na qualidade climática urbana, a partir
da verificação dos graus de saturação do solo (cenários futuros), evidenciam a necessidade de
tratamento dos espaços livres urbanos, pois estes apresentam alto potencial para favorecimento das
condições de conforto térmico em espaços externos e internos da estrutura urbana.”
[2] “...o estímulo ao aumento da densidade construtiva a partir da ocupação de determinados vazios
urbanos pode eliminar algumas áreas de amenidades térmicas ou até mesmo estimular ocupações
inadequadas, comprometendo o aproveitamento da ventilação natural na malha urbana.” Porém: “...

análise da cidade de Recife, conclui que a qualidade de vida e a sustentabilidade ambiental serão
obtidas em cidades compactas quando preservada a alta densidade de vegetação e garantida a
eficiência dos sistemas urbanos”.
[3] “...o padrão tradicional de legislação para controle e ordenamento da ocupação do solo, que utiliza
como unidade mínima o lote urbano, pode constituir uma barreira para implantação de soluções mais
eficazes para o aproveitamento dos condicionantes ambientais (ventilação natural, iluminação natural e
resfriamento evaporativo através da vegetação) no interior da estrutura urbana.”
[4] “Nesse sentido, torna-se fundamental o uso racional dos recursos naturais, a boa forma do ambiente
urbano, baseada na interação com o clima e os recursos naturais a partir de respostas às necessidades
urbanas com o mínimo de transferência de dejetos e rejeitos para outros ecossistemas, atuais e futuros.
Assim, o equilíbrio entre inputs e outputs no sistema urbano pode ser subsidiado pelo uso racional de
energia a partir do aproveitamento dos recursos naturais de climatização – base conceitual da
bioclimatologia arquitetônica e urbana.
[5] “A morfologia do conjunto edificado constitui fator determinante dos campos térmicos urbanos.” “O
desenho urbano e a configuração dos espaços livres podem ser estudados para minimizar os impactos
na qualidade climática urbana. Para que o desempenho climático seja otimizado, é necessário estudar
os diferentes tipos de morfologia e ocupação do solo.”
[6] “Os parâmetros urbanísticos (...) precisam ser estudados e redefinidos para permitir maior
porosidade e rugosidade da estrutura edificada futura, para potencializar o aproveitamento das
estratégias bioclimáticas tanto no nível do edifício, como no nível dos ambientes externos urbanos. Uma
das alternativas é estimular a baixa ocupação do solo e aumentar o coeficiente de aproveitamento.
Porém, outras estratégias, mais eficientes, que permitam o maior controle sobre o uso e ocupação do
solo, principalmente quanto à manutenção da taxa de permeabilidade, podem ser estudadas.”
[7] ”Sugere-se que a quadra, ao invés do lote, seja o elemento mínimo sobre o processo de fiscalização e
controle da ocupação urbana. Dessa forma, será possível viabilizar a manutenção das taxas de solo
natural e a incorporação de áreas de vegetação urbana a partir da distribuição eficaz de espaços livres
com alto potencial de amenização térmica local.”